domingo, 6 de dezembro de 2009

"Live together, die alone" or "Live alone, die together"

domingo, 22 de novembro de 2009

As estações acabam.
Não, não, eu já vi a estrela.
É como voltar do exílio, e para isso o inglês nos serve mais, homeless.
E talvez essa imagem, a do caminhante, seja mais apropriada pra mim agora.
"O caminhante faz seu caminha ao caminhar."

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

-"There was a boy"
-"Boys don't cry"
-"Boys will be boys"
-"But boy you don't know what got till it's gone"
-"Louie, Louie"
-"You could take any boy, I'd show you what you would feel"
-"Karma Karma Karma Karma Karma Chameleon"

domingo, 18 de outubro de 2009

Tem coisas que a gente só percebe a falta que faz quando passa a ter e lembramos o quanto aquilo fez falta no período em que não tínhamos. Não suporto carregar a presença das coisas quando junto a elas está sua ausência. É quando eu sinto que sou muito fraco. Perco as forças para continuar a resistir e passo a só existir. Como um Sísifo, que desistiu de carregar a rocha para o topo da montanha justamente no meio dela. E lá não se tem nem rocha, nem topo, nem Sísifo.
























...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Pulsões psico-físicas

Este texto busca analisar as características de pulsões específicas relacionadas a vivências onde um elemento físico se torna elemento pulsional.
A princípio gostaria de caracterizar alguns conceitos da teoria freudiana que irão nortear este texto. Esta conceituação (representante-representação, recalque e repressão, de dupla inscrição) é baseada em textos do próprio Freud e em aulas sobre o tema.

a) representante- representação
A constituição do sistema inconsciente se dá a partir do nascimento, fase na qual todo o corpo do bebe é extremamente passível de ser excitado. Essa excitação gera dor e prazer ao mesmo tempo, ela é tão grande que poderíamos comparar o bebe a um náufrago agarrado a uma tábua de madeira em meio a ondas de mais de 10 metros de altura (sendo essas a excitação). Dessa maneira, o bebe não sabe lidar com esta grande forma de excitabilidade e precisa controla-lá. Assim, o bebe canaliza todo prazer e dor para zonas corporais (as chamadas zonas eróticas) que serão mais tardes responsáveis pela prazer. No entanto, essas áreas só são frutos de prazer a medida que inconscientemente elas estão ligadas a um representante desse prazer.
Mais tarde, em sua fase adulta o indivíduo terá sua pulsões (inconscientes) ligadas a esse representante, porém ela poderá se tornar consciente apenas se estiver ligada a uma representação, que é fruto de uma elaboração psíquica que se colocam acima do núcleo pulsional. Esta se torna o objetivo (alvo, meta) da pulsão correspondente que a satisfará, porém jamais o representante será completamente satisfeito, apenas o seu conjunto representante-representação.

b) recalque e repressão
Em nossa vida encontramos pulsões que não podem ser realizadas, seja por uma questão moral, cultural, da ordem do prazer ou da ordem do indivíduo. Há dois caminhos para conter essa pulsão: o recalque e a repressão. O recalque faz parte do sistema inconsciente e age sobre a representação. A repressão é uma medida consciente que age sobre o afeto advindo de uma pulsão. Nessa medida, a repressão age a partir de forças que se sobrepõe, podendo uma anular a outra. Já o recalque será ao mesmo tempo uma satisfação e uma forma de evitar aquela representação, ou seja recusá-la e atendê-la ao mesmo tempo. Essa satisfação, no entanto, vem desviada, se converte em outros afetos ou sentimentos. Assim, podemos perceber que a repressão age sobre fatores mais brandos, que não só a censura permite que se torne consciente, mas que também pode ser completamente anulado conscientemente. Já o recalcado é de alguma maneira mais forte (apesar de ser também qualitativamente diferente), pois precisa ser satisfeito de alguma maneira (mesmo que através de desvios). Assim: "Quem não pode reprimir, precisa recalcar".

c) dupla inscrição
Para explicar como o sistema inconsciente funciona, Freud elabora a hipótese da dupla inscrição. Para ele um trauma ou uma grande excitação (que também podemos chamar de trauma) fica inscrito no inconsciente na forma de um representante. Este, mais tarde, se liga a uma pulsão e a uma representação que pode ser recalcada. Nesse processo de recalque algumas manifestações sintomáticas podem aparecer, seja na forma de angústia ou de patologias psíquicas (neurose, histeria). Nesse sentido o trabalho de psicanálise seria tentar descobrir essa representação (já que não poderemos nunca descobrir seu verdadeiro representante) para aliviar os sintomas. No entanto, durante esse processo, mesmo que a representação traumática se torne consciente ela não é sanada, não passa da esfera inconsciente para a consciente, em fato, é feita uma nova inscrição no sistema consciente que é uma cópia, nunca exata, daquela no inconsciente. Podemos comprovar isso através do fato que mesmo ao se descobrir conscientemente a causa do sintoma, ele continue se manifestando no corpo.

Podemos agora começar a tratar do nosso tema. Suponhamos então um representante (ou representação) qualquer (o qual chamaremos de R1). A este se liga um afeto, que por sua vez se associa a algum determinado elemento físico (E1), que é, de alguma maneira satisfeito, durante um período. Após algum tempo no entanto há a impossibilidade de se ligar e de se satisfazer esse afeto com o elemento. O representante ou representação continua no inconsciente. No entanto, este elemento já não está mais acessível. Tentamos então ligar esse representante a uma nova representação, que pode ser satisfeita. Ainda assim há um mal-estar (Freud explica esse conceito a partir do pressuposto de que os seres humanos são seres desejantes, ou seja, estão sempre insatisfeitos) ligado ao primeiro elemento de satisfação.
Este mal estar é um desejo consciente, logo podemos pensar que um mecanismo para lidar com ele seria a repressão, através da inacessibilidade desse desejo. No entanto, este fica latente em nosso consciente. Para que ele fosse sujeito a uma repressão seria preciso que ele fosse uma representação de algum representante, sabemos que esse representante não pode ser R1, já que este já está ou esteve ligado a um outro elemento físico. Como não conseguimos lidar com ele conscientemente seria necessário que ele fosse recalcado já que "quem não pode reprimir, precisa recalcar". Porém ele já está na esfera do consciente onde o recalque não pode mais atuar.
Podemos elaborar então duas hipóteses:
1- Uma nova instância da mente humana, onde haveria uma inscrição não de elementos psíquicos mas de elementos materiais, como E1. Nesse novo topos, haveria uma inscrição de E1 que permaneceria ligado a R1 e que poderia também se ligar a outros representantes-representações (R2, R3, R4) e que geraria outros afetos conscientes, inclusive ele próprio. Porém este não estaria na esfera do consciente já que não pode ser reprimido.
2- Podemos fugir do academicismo e falar de ligações espirituais, energéticas, quânticas entre o indivíduo e E1. As explicações para essa hipótese não podem e não devem ser tratadas nesse texto.
3- O afeto relacionado a E1 é fruto de um desvio de outro representante-representação recalcado. Tornando o indivíduo um neurótico.
Para cada uma dessas hipóteses há uma consequência para a vida do indivíduo, mas invariavelmente em todas elas o indivíduo está sujeito a E1 e as suas variações se tornando-o sucetível e vulnerável as suas menores alterações e seria preciso todo um complexo processo de dissociação de E1 lento e gradual, fazendo com que o indivíduo gaste muita energia mental no combate a E1 e nada garante que ele sairá vencedor.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

As abelhas que me picaram se voltaram contra sua origem. E todas as palavras pronunciam apenas uma coisa. E sua força moveu o vento sul, levando meu barco pra alto mar. Já havia guiado outros navegantes até seus portos-seguros. Mas eu fiquei a deriva. Em meio a revoltosas ondas, os golfinhos se despediram de mim, não restava um só desejo. Chacoalhado acabei parando em uma ilha, e para favorecer o clichê sempre recorrente, vazia. Nada além de uma macieira e alguns pés de maracujá, muitos pés. Ao caminhar um pouco pela areia, encontrei a entrada para a "Cisne", mas, na escotilha, fiquei preso de quarentena. No entanto, nenhum banco era alto suficiente para me isolar do contato. Lá em cima, consegui pelo menos atingir a segunda prateleira de cima pra baixo, onde finalmente achei o pote de açúcar. Ao abri-lo, as abelhas voaram de volta.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Será que amanhã a gente pode ser feliz?

domingo, 21 de junho de 2009

Algumas palavras correm no ar, esperando para alguém que as pronuncie, que as invente.
Eu queria tanto não ser mudo.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Eu queria condensar toda a história da minha vida em duas horas, em duzentas páginas ou em uma partitura. Como um personagem, ter pouco tempo para que houvesse apenas as partes realmente importantes da vida em minha vida. Eu, condenado a viver por anos, vivo de muitos momentos, tentando torná-los importantes para que alguma coisa valha a pena. Nessa louca tentativa de importar as coisas perco minha própria redenção. Felizes são os seres de vida completa, em suas vidas realmente importantes, vivendo seus dramas inúmeras vezes e sempre obtendo redenção. Eu ainda espero o momento certo de me render, na incerteza de que algo mais importante um dia chegue. Um final é tudo que é preciso para ser completo e eu não tenho talento pra ser incompleto. Nasci pessoa enquanto devia ter nascido personagem.









"Existirmos: a que será que se destina?
Pois quando tu(?) me deste(?) a rosa pequenina"

terça-feira, 7 de abril de 2009

Giro lento antes de começar. Ela põe o primeiro pé na corda. Ainda está firme. Põe o segundo, momento de liberdade. Dá um passou e outro. Ela caí, você a pega. Ela parece não pesar. É mais leve que uma pluma. Você sorri, ela te abraça. Você a coloca no chão seguramente. Seguem os dois esquiando lado a lado. Você escorrega, ela ri. Continua andando. Na esquina, ela se esconde. Você procura, ela te assusta. Você corre o mais rápido que pode, ela não se mexe. Você chora, ela não se mexe. Você grita, ela grita mais alto. Você briga, ela ama. Você também, ela porém. Você ainda assim, ela sempre muda. Você as vezes surdo, ela em silêncio. Vocês no silêncio, vocês brigando. Você grosso, ela magra. Você forte, ela segura. Você larga, ela não deixa. Você volta devagar, ela giro lento antes de terminar.   

quinta-feira, 12 de março de 2009

Alguem poderá ser testemunha da minha história? Alguém acompanhou todos os meus passos e viu o que eu vi? Se não narramos nossa própria história, quem nos garantirá que ela existiu? 
A partir de agora esse é meu grito, nada ficará sozinho, nada será só meu. Não só as palavras serão ditas, mas os gestos serão contados, as imagens serão descritas e os cheiros serão palavras. Hoje eu vou contar tudo da minha história, você vai ouvir tudo, não terei vergonha e contarei o mais imparcial possível, mesmo que isso seja impossível. Não carregarei mais um fardo sozinho, mesmo que ele seja só meu, e na verdade nunca é. Se ouvir minhas palavras saberás minha vida, sabendo minha vida é responsável por ela. E se todos fôssemos responsáveis? E se todos vissem tudo, haveria opiniões realmente próprias.?
Aqui eu faço meu grito e talvez ele não seja para falar da minha vida. Talvez meu grito seja para que se fale da vida. Então conte, grite! Que não haja segredos, que não haja mistérios, que todas as palavras sejam ditas. Sejam testemunhas de sua vida, deponham contra e para si. Falem.
Aqui faço meu grito: eu queria dizer ainda mais!

domingo, 8 de março de 2009

Eu mandaria flores
Se tivesse certeza que essas eram suas favoritas
Que elas, na verdade, fossem desabrochar
no instante em que você as visse.
Eu as teria mandado se não achasse que meu jardim secou
quando fiz uma drenagem que impediu que ele virasse pântano.
Eu poderia ter ligado a um floricultura
mas não tenho certeza se meu celular ainda tem créditos.
Eu ainda assim teria mandado se soubesse que elas não murchariam
ou se soubesse o instante exato em que elas murchariam
para mandar outras exatamente na hora.
Eu as mandaria se o cheiro fosse forte o suficiente para que lhe agradasse
mas fraco o bastante para não te enjoar.
Eu mandaria, junto com as flores, um cartão,
mas só se soubesse quais palavras você quer ouvir de mim.
Eu, ainda que tudo isso acontecesse,
só mandaria se pudesse ver sua cara de longe,
para que a minha presença não interferisse na sua reação.
Eu só mandaria as flores se eu tivesse certeza das flores,
mas eu não tenho certeza nem se quero te mandar flores.

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Is there five golden tickets in the world ou there is five golden tickets in my world? If the first, would I be so lucky? If the second, could I give up four for one? At least, I have the candy bar.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Eu poderia ter mandado flores,
mas me perdi entre esquinas pra chegar na sua casa.
Acertei no mapa, mas parece que você criou um desvio
e minhas tentativas de chegar não passaram de rotas mal sucedidas.
Tentei ir de carro, mas o amor é quase sempre uma rua de mão única
e eu novamente entrei na contra-mão.
De ónibus, acabei pegando o número errado
ele não batia com meu ano ou com meu signo,
pra piorar acabei perdendo meu próprio ponto.
Por fim, a pé, cruzei ruas e avenidas, 
cruzei mais de duas vezes o mesmo quarteirão
e ao parar percebi que minhas pernas continuavam bambas,
você sempre foi culpado disso.
Tentei caminhos longos e atalhos,
mas não há sinalização na rua.
Quanto as flores, eu deveria ter plantado no canteiro da minha rua,
mas a grama é sempre mais verde do outro lado da rua.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Dentro de quatro paredes
calculo o quadrado da hipotenusa
a margem de erro é o próprio resultado das constantes variáveis do universo.
Não houve função em sair do círculo vicioso,
me perdi na fórmula e acabei me sujeitando a um mau predicado
Coisas que andam por pernas próprias
que adquiriram na evolução do pensamento.
Há que dizer que toda energia potencial gravitacional já virou frio
pelo menos até o próximo movimento tectônico
Mas ainda haverá luz, mesmo que não haja enciclopédia.

Está é minha oração.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Eu teria mandado flores,
mas esqueci seu endereço ao passar pela padaria
e ver que a taxa de câmbio continua caindo.
E depois estive ocupado,
porque as chuvas secas ainda não chegaram ao nordeste,
fazendo com que o polígrafo fique desregulado. 
Eu teria te ligado,
mas a verdade é que tive medo
e deixei o celular livre para emergências.
É que a família de Catarina ainda não tinha sido achada.
Mas, na verdade, nem me preocupei com isso,
pois estava correndo à livraria:
minha biografia acabou de chegar às lojas
e eu quero muito saber do que se trata.
Eu teria dado um oi,
mas a verdade é que eu preciso conhecer um camponês chinês.
E, ainda que sua família seja do campo,
não poderia cumprimentá-lo,
pois há na colônia rainhas e uma operária.
Eu queria poder dar nome pro que eu sinto.